Pandemia consolidou atuação de proptechs na digitalização de serviços relacionados à compra, venda e locação de imóveis. Curitibana Avalion, premiada como startup do ano em 2021, é destaque de plataforma voltada aos corretores
Com soluções tecnológicas que facilitam as operações e queimam etapas nos processos de compra, venda e locação de imóveis, as startups estão transformando o mercado imobiliário brasileiro. E o movimento de inovação no setor – que por décadas se manteve conservador com relação à digitalização e automação dos serviços – cresceu na pandemia e consolidou a tendência do uso da tecnologia em diferentes frentes e atividades relacionadas à moradia.
As chamadas construtechs – startups que atuam na Construção Civil – e as proptechs, relacionadas à compra, venda e locação imobiliária – conquistaram espaço a partir de 2020, porque diminuíram a burocracia e facilitaram a busca por imóveis, além da comunicação entre incorporadoras, construtoras, imobiliárias e clientes, durante os períodos de maior necessidade de isolamento social. Mas não só: também avançaram para a oferta de plataformas de serviços alinhados com a mudança de comportamento do brasileiro sobre a moradia.
Concebidas antes da pandemia, startups que apresentaram serviços como as centrais de entregas (delivery) e mini mercados nos condomínios provaram o valor da criatividade no atendimento às demandas inesperadas, como as geradas pela covid-19. Outras ideias, como os aplicativos de locação de imóveis por curto, médio e longo prazos – como Quinto Andar e Housi – superaram o revés de uma tendência interrompida pelo coronavírus: a mobilidade dos nômades digitais. E crescem apesar das limitações da pandemia.
Com a tecnologia, o setor imobiliário se reinventou. Com softwares de tour virtual nos imóveis na planta e plataformas de mapeamento da oferta de imóveis para captação e análise, como o app da startup curitibana Avalion, a atividade dos corretores de imóveis foi adaptada à restrição dos encontros presenciais. “Essas soluções surgiram como sempre acontece: em razão dos problemas ou das necessidades das pessoas e empresas”, afirma o CEO da ferramenta pioneira no Paraná, Paulo Roberto de Oliveira. “Justamente, por ser um mercado mais conservador, ele é mais atrativo para as startups. A pandemia, por sua vez, impulsionou as empresas a se renderem para as soluções tecnológicas, considerando as limitações que a Covid-19 impôs”, diz.
Boom das startups no mercado imobiliário
De acordo com o levantamento Mapa das Construtechs e Proptechs, realizado e atualizado desde 2017 pela Terracotta Ventures, o número de startups ativas e voltadas às soluções para o mercado imobiliário no Brasil cresceu 235% nos últimos cinco anos. O Paraná fechou 2021 na terceira posição, somando 87 das 839 apontadas pelo balanço, atrás apenas dos estados de São Paulo (339) e de Santa Catarina (95). A Avalion já está na lista há dois anos. E o saldo de atuação em um mercado antes avesso à inovação tecnológica, é de que as boas ferramentas só otimizam o trabalho dos profissionais da área. “As plataformas digitais tornam ainda melhor o trabalho dos corretores, que são indispensáveis para uma atividade que envolve o diálogo sensível com o cliente. O corretor vende um produto que é nada menos do que o sonho de uma família, ou o investimento de toda uma vida de trabalho do cliente. A tecnologia vem para auxiliar o trabalho do profissional imobiliário, complementar, acelerar, dar mais condições de produtividade”, argumenta.
2022: tendência de mais crescimento
Ainda com o impacto da pandemia, sendo ano eleitoral de de Copa do Mundo, 2022 deve ser marcado por adaptações e oscilações do mercado financeiro com impacto na moradia. Mas o setor imobiliário projeta um cenário otimista, apesar da alta dos juros e da inflação. “Não acredito em desaceleração. Acredito em mudança de planos das pessoas: aquecimento das locações e consequentemente a atração de investidores para compra de imóveis com essa finalidade. Também contaremos com estrangeiros, à procura de imóveis no Brasil, considerando a alta do dólar frente ao real, e com as empresas voltando ao trabalho presencial”, diz ele. “Tudo aponta para dar um fôlego ao segmento de imóveis comerciais, ou seja, mudam-se as peças de lugar, mas o jogo continua a acontecer”, acrescenta o CEO do Avalion.
Ele reforça, lembrando que “sempre houve, há e haverá a necessidade de morar, mas os dois últimos anos foram importantes para o mercado consumidor prestar mais atenção aos os espaços e às necessidades dentro de casa, o que antes não era percebido”, diz. Por isso também é que enxerga com segurança a consolidação e o avanço das startups na promoção dos negócios imobiliários. “A inovação, independentemente do setor, sempre estará presente e no mercado imobiliário não será diferente, andam de mãos dadas. Com a chegada de novos profissionais e suas diferentes experiências, essa tendência fica cada vez mais presente”, analisa. “Devemos lembrar que inovação não é somente tecnologia, mas também se apresenta nos formatos de novos negócios e ao longo de seus processos”, completa.