Retomada do mercado imobiliário impulsiona proptechs

Digitalização de processos também ajuda startups do segmento, que cresceu 180% entre 2017 e 2020

O mercado imobiliário foi um dos setores econômicos que menos sofreram com a pandemia de covid-19 em 2020, ao manter uma recuperação iniciada em 2019. Esse fator e a digitalização de processos, acelerada em todas as áreas pelas medidas de isolamento social, ajudam no crescimento das proptechs, como são chamadas as startups que atuam no segmento.

A londrinense Arbo Imóveis, marketplace (espaço virtual onde empresas se cadastram para fazer vendas) do mercado imobiliário criada em 2017, cresceu 300% em vendas durante a pandemia. A proptech recebeu em 2020 seu primeiro aporte, de mais de R$ 20 milhões, feito pela Domo Invest e pelo Grupo Anjo, formado por Target Ventures, CS Participações e M2 Participações. Segundo o CTO da Arbo, Marlon Pascoal, um novo investimento foi fechado recentemente e deve ter os detalhes divulgados nos próximos meses.

A empresa já teve um crescimento expressivo no número de funcionários e hoje está com cerca de 70 colaboradores, contingente que deve mais do que dobrar, visto que a proptech planeja cem contratações ao longo de 2021. “Pretendemos contratar em grupos de dez, para facilitar a assimilação da cultura da empresa pelos novos colaboradores. E essas contratações serão nas mais diversas áreas, não apenas em tecnologia”, aponta Pascoal.

A Arbo já supera cem clientes, entre incorporadoras, imobiliárias e corretores autônomos que atuam em mais de 220 cidades de 17 estados brasileiros e também na Flórida, nos Estados Unidos. Recentemente, foi apontada como uma das 16 startups paranaenses a serem observadas em 2021 no mapeamento estadual feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), como vencedora da categoria referência na regional Norte no StartupPR Conecta Awards.

Segundo uma pesquisa divulgada em 2020 pela Terracotta Ventures, fundo especializado em investimentos em proptechs e construtechs (da área de construção), o número de startups desses dois segmentos no Brasil chegou a 702 no ano passado, um crescimento de 180% em relação a 2017. São Paulo estava em primeiro lugar, com 293 proptechs e construtechs, Santa Catarina em segundo com 83 e o Paraná, em terceiro com 63, foi a surpresa ao ultrapassar Minas Gerais.

“O setor de construção e mercado imobiliário é retardatário, normalmente vemos mudanças acontecendo em outros segmentos e ele entrando depois, com a transformação um pouco mais lenta. Esse movimento começou a se intensificar a partir de 2018, 2019, muito em função da evolução do digital como um todo e também porque o setor vinha de uma crise muito forte, desde 2014 enfrentava um momento muito ruim, consequência do contexto da economia, e a partir de 2019 começou a haver uma recuperação”, relata Bruno Loreto, sócio da Terracotta.

Ele explica que outra razão para proptechs e construtechs terem crescido, com grandes rodadas de investimentos mesmo em cenário de pandemia de covid-19, foi a continuidade dos cortes da taxa de juros. “Hoje a gente está vivendo um momento de muita gente saindo da renda fixa, muitas famílias procurando diversificar investimentos e aí naturalmente o mercado de venture cap (fundos de investimentos) acelerou muito”, justifica.

AVALIAÇÃO

Com uma experiência de mais de 20 anos no mercado imobiliário, Paulo Roberto de Oliveira decidiu criar um sistema para ajudá-lo na avaliação de imóveis e dar velocidade ao seu trabalho. Outros corretores de Curitiba gostaram da plataforma e ele decidiu monetizar: em 2019, foi lançada a Avalion, ferramenta que reúne dados como opiniões de mercado, laudos, amostras de imóveis similares ao que está sendo avaliado e relatórios para auxiliar avaliadores e corretores imobiliários.

Paulo Roberto de Oliveira, CEO da Avalion (Foto: Divulgação)

A proptech é monetizada por meio de mensalidades, com valores que variam conforme as funcionalidades de cada plano. “Tem um plano em que você entra e entende como a plataforma funciona por sete dias, faz testes de mercado. Um outro plano não é personalizado, mas tem um número maior de pesquisas, outro você já personaliza e tem outro valor, e assim por diante”, descreve o CEO. “A ideia da ferramenta é dar ao corretor a condição para ele criar um material com conteúdo na hora de fazer uma captação, uma avaliação, e não simplesmente chegar na frente do cliente e dizer que o imóvel vale x.”

A Avalion tem hoje pouco mais de 2,5 mil usuários, dos quais cerca de 300 são pagantes, e já contém informações de 19 estados. Para o segundo semestre, está sendo costurada uma parceria com uma empresa de engenharia da avaliação, para que a proptech passe a trabalhar com modelo de avaliação automática (AVM, sigla para automated valuation model) para bancos, em que não é necessária a vistoria presencial do imóvel.

Oliveira diz que percebeu o maior interesse por ferramentas digitais quando abriu a plataforma durante três meses no ano passado, entre março e junho, e registrou um aumento de 70% nos trabalhos executados para avaliação.

“Houve crescimento (no mercado), está acontecendo ainda, já se está falando de uma falta de imóveis para 2021, o que eu acho normal, muito do que estava nas planilhas começou a ser aprovado apenas no final do ano passado. Hoje é que estão começando novos plantões de vendas. Então, eu acho que 2021 vai ser um ano muito bom e provavelmente 2022 será da mesma forma”, projeta o CEO.

Fonte: Portal Futurista


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